quarta-feira, 17 de fevereiro de 2016

e o verão?

Querida Amy.
Por que estamos nessa história novamente? Por que você decide desaparecer e levar um pedaço meu com tanto desespero?

Parece que o ano é 2016, mas para onde foram parar os últimos 3 anos? Você os escondeu? É bem capaz. Sabe, quando uma pessoa se compromete a guardar os anos e acariciá-los, entende-se que dará tudo bem. E se fosse o contrário? Será que os anos iriam lhe destravar tanto quanto você fez? Vamos parar, embora pareça bem óbvio que o caso aqui é progredir.  Temos que continuar, deixar o vento seguir seu rumo. Você esteve parada à beira do rio, mas os pensamentos estavam longes. Estavam ali presos debaixo da pedra. Aquela mesma, a tão famosa pedra do meio do caminho.  No meio do caminho havia um pensamento. Mas... Onde mesmo? Ah, a pedra. A pedra distraiu e escondeu a pobre criaturinha que estávamos procurando. E, nós, tolos. Tão tolos que deixamos passar.

Ele ficou lá. Escondido. Nem triste, nem feliz. Ficou lá até voltarmos a procurar, mas já era tarde. Não se deixa pó na água.  Ou ele dissolve ou ele decanta. Qual a sua alternativa? Você não tem o necessário para tirá-lo da água. Vai continuar presa à beira do rio? Já avisei.  Pare e volte. Estou com saudades e isso não é normal. Certo, é normal. Já me acostumei. Mas já disse, Amy. Não consigo deixar de levar tão a sério. Vou procurar seus pensamentos, prometo. Assim você volta? Cuidado com os estranhos. Eles podem tentar lhe convencer que já são conhecidos, mas ainda serão estranhos. Sabe o que não é estranho? Meu coração, Amy. Mas com o tempo ele será. Parecerá mais um pedaço podre desconhecido que ninguém sabe ao certo de onde veio. Só você saberia, ou será que esqueceria também?
 Vai continuar me mantendo refém? Já até descartei meu coração pelo bem maior. O que mais quer? Não tenho nada a oferecer e você não se move. Pior que uma mesa, uma cadeira, um sofá. Suas cores estão desviando, se esvaindo. Não tenho as tintas sãs das tonalidades corretas. Vamos, volte. Prometo que devolvo o pensamento. Ele não deve ter corrido longe. Foi tudo ladainha.